O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA encerrou o ano com variação de 5,79%, abaixo dos 10,06% registrados em 2021, divulgou nesta terça-feira (10) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado de 2022 foi influenciado principalmente pelo grupo Alimentação e bebidas (11,64%), que teve o maior impacto (2,41 p.p.) no acumulado do ano. Na sequência, veio Saúde e cuidados pessoais, com 11,43% de variação e 1,42 p.p. de impacto. Já a maior variação veio do grupo Vestuário (18,02%), que teve altas acima de 1% em 10 dos 12 meses do ano. O grupo Habitação (0,07%) ficou próximo da estabilidade e os Transportes (-1,29%) tiveram a maior queda e o impacto negativo mais intenso (-0,28 p.p.) entre os nove grupos pesquisados. Na tabela a seguir, o resultado de todos os grupos de produtos e serviços.
A alta de 11,64% do grupo Alimentação e bebidas foi puxada pela alimentação no domicílio (13,23%). Os destaques foram a cebola (130,14%), que teve a maior alta entre os 377 subitens que compõem o IPCA, e o leite longa vida (26,18%), que contribuiu com o maior impacto (0,17 p.p.) entre os alimentos para consumo no domicílio. Os preços do leite subiram de forma mais intensa entre março e julho de 2022, quando a alta acumulada no ano chegou a 77,84%.
A partir de agosto, com a proximidade do fim do período de entressafra, os preços iniciaram uma sequência de quedas até o final do ano, sendo a mais expressiva delas em setembro (-13,71%). No caso da cebola, a alta está relacionada à redução da área plantada, ao aumento do custo de produção e a questões climáticas. Outros destaques foram a batata-inglesa (51,92%), as frutas (24,00%) e o pão francês (18,03%).
A alimentação fora do domicílio, por sua vez, subiu 7,47%. Enquanto a refeição teve aumento de 5,86%, a alta do lanche foi de 10,67%.
Em Saúde e cuidados pessoais (11,43%), a maior contribuição (0,61 p.p.) veio dos itens de higiene pessoal (16,69%), em especial os perfumes (22,61%) e os produtos para cabelo (14,97%). Outro destaque foi o plano de saúde, com alta de 6,90% e impacto de 0,25 p.p. no IPCA acumulado do ano. No final de maio, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) fixou o teto para reajuste dos planos individuais novos (posteriores à lei nº 9.656/98) em 15,50% para o período de maio de 2022 a abril de 2023.
A partir de outubro, passaram a ser incorporadas as frações referentes aos planos antigos, com vigência retroativa a partir de julho. Destaca-se, ainda, a alta de 13,52% dos produtos farmacêuticos. Em 1º de abril de 2022, passou a valer o reajuste de até 10,89% nos preços dos remédios definido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), a depender da classe terapêutica e do perfil de concorrência das substâncias.
No grupo Vestuário (18,02%), os preços das roupas femininas (21,35%) e das roupas masculinas (20,77%) acumularam altas acima de 20% no ano. As variações das roupas infantis e dos calçados e acessórios ficaram em 14,41% e 16,83%, respectivamente, enquanto as joias e bijuterias (3,67%) tiveram a menor variação. Houve alta acentuada no preço do algodão, uma das principais matérias-primas do setor, entre abril de 2020 e maio de 2022. Outros custos de produção também subiram e houve uma retomada da demanda, após a flexibilização do isolamento social decorrente da pandemia de Covid-19.
Em Habitação (0,07%), as principais contribuições positivas vieram do aluguel residencial (8,67%), da taxa de água e esgoto (9,22%) e do condomínio (6,80%). Juntos, os três subitens contribuíram com cerca de 0,62 p.p. no IPCA acumulado de 2022. Vale mencionar ainda as altas de quase 20% dos artigos de limpeza (19,49%) e de pouco mais de 6% no gás de botijão (6,27%). Por outro lado, houve queda de 19,01% na energia elétrica residencial, com impacto de -0,96 p.p. no índice acumulado do ano.
Embora a conta padrão de energia elétrica considere diversos componentes, a fixação de alíquotas máximas de ICMS a partir da Lei Complementar 194/22 foi decisiva para o recuo dos preços da energia elétrica, em conjunto com a manutenção da bandeira tarifária verde de abril a dezembro, após a adoção da bandeira de escassez hídrica nos primeiros meses do ano.
Nos Transportes, o maior impacto positivo (0,49 p.p.) veio do subitem emplacamento e licença (22,59%). A alta do IPVA em 2022 deve-se sobretudo ao aumento no preço dos automóveis em 2021, já que a cobrança é baseada no valor venal dos veículos no final do ano anterior. Os preços dos automóveis novos (8,19%) e usados (2,30%) continuaram subindo em 2022, embora em ritmo menor que o de 2021 (16,16% e 15,05%, respectivamente).
Outra alta importante foi das passagens aéreas, que subiram 23,53% e contribuíram com 0,14 p.p. no acumulado do ano. No lado das quedas, destaca-se a gasolina (-25,78%), responsável pelo impacto negativo mais intenso (-1,70 p.p.) entre os 377 subitens que compõem o IPCA. Os preços da gasolina caíram de forma mais expressiva entre julho e setembro, em decorrência de uma série de reduções no preço do combustível nas refinarias e da aplicação da Lei Complementar 194, que limitou a cobrança de ICMS sobre os combustíveis pelos estados.
A região metropolitana do Rio de Janeiro (6,65%) teve a maior variação em 2022, influenciada pelas altas do seguro voluntário de veículo (45,36%), de emplacamento e licença (29,22%) e dos produtos farmacêuticos (16,98%). O menor resultado, por sua vez, ocorreu na região metropolitana de Porto Alegre (3,61%), puxado para baixo pelas quedas de 30,90% nos preços da gasolina e de 33,18% na energia elétrica residencial.
(Redaç]ão – Indicadores Econômicos)