O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro foi de 1,01%, 0,47 ponto percentual acima do registrado em janeiro (0,54%), divulgou nesta sexta-feira (11) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa é a maior variação para um mês de fevereiro desde 2015, quando o índice foi de 1,22%. No ano, o IPCA acumula alta de 1,56% e, nos últimos 12 meses, de 10,54%. Em fevereiro de 2021, a variação havia sido de 0,86%.
Todos os grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em fevereiro. O maior impacto (0,31 ponto percentual) e a maior variação (5,61%) vieram de Educação. Na sequência, Alimentação e bebidas (1,28%), que acelerou em relação a janeiro (1,11%) e contribuiu com 0,27 ponto percentual. Os dois grupos representaram cerca de 57% do IPCA de fevereiro. Transportes (0,46%), cuja variação havia sido negativa em janeiro (-0,11%), e Habitação (0,54%) também se destacaram. Os demais grupos ficaram entre 0,29% (Comunicação) e a segunda maior variação do mês, de 1,76% (Artigos de residência).
No grupo Educação (5,61%), são incorporados no IPCA, em fevereiro, os reajustes habitualmente praticados no início do letivo. O maior impacto (0,28 p.p.) veio dos cursos regulares (6,67%), com destaque para o ensino fundamental (8,06%), a pré-escola (7,67%) e o ensino médio (7,53%). Os preços dos cursos de ensino superior e de pós-graduação subiram 5,82% e 2,79%, respectivamente. E os cursos diversos, por sua vez, tiveram alta de 3,91%, sendo que a maior variação dentro do item veio dos cursos de idioma (7,29%).
Já resultado de Alimentação e bebidas (1,28%) foi influenciado pela alta mais intensa dos alimentos para consumo no domicílio (1,65%). Destacam-se, em particular, os aumentos nos preços da batata-inglesa (23,49%) e da cenoura (55,41%), que contribuíram conjuntamente com cerca de 0,08 p.p. no índice do mês. No caso da cenoura, as variações foram desde 39,26% em São Paulo até 88,15% em Vitória. Além disso, as frutas subiram 3,55%, variação próxima à do mês anterior (3,40%). Por outro lado, foram registradas quedas mais intensas nos preços do frango inteiro (-2,29%) e do frango em pedaços (-1,35%). Em janeiro, os recuos haviam sido de -0,85% e -0,71%, respectivamente
Os alimentos para consumo fora do domicílio (0,30%) tiveram variação similar à verificada no mês anterior (0,25%). Enquanto o lanche passou de queda de 0,41% para alta de 0,85%, a refeição seguiu movimento inverso, desacelerando de 0,44% para 0,02%.
No grupo dos Transportes (0,46%), a maior contribuição (0,05 p.p.) veio dos automóveis novos (1,68%), cujos preços subiram pelo 18º mês consecutivo. Além disso, os preços dos automóveis usados (1,51%) e das motocicletas (1,72%) também seguem em alta. Outros destaques foram o seguro voluntário de veículo (3,24%), o conserto de automóvel (0,92%) e o ônibus urbano (0,45%), este último por conta dos reajustes nas passagens aplicados em capitais como Fortaleza (4,38%), Recife (4,27%), Campo Grande (2,80%) e Vitória (1,73%). Além disso, os preços dos ônibus intermunicipais (0,38%) e interestaduais (1,36%) também subiram em alguns locais. E a alta do subitem táxi (0,88%), por sua vez, deve-se ao reajuste de 9,75% nas corridas no Rio de Janeiro (3,87%).
Ainda em Transportes, os combustíveis (-0,92%) se destacaram com queda pelo terceiro mês consecutivo, sendo a mais acentuada a do etanol (-5,04%). Já o preço da gasolina recuou 0,47%. Por outro lado, foram verificadas altas nos preços do óleo diesel (1,65%) e do gás veicular (2,77%).
No grupo Habitação (0,54%), as maiores contribuições vieram de aluguel residencial (0,98%) e condomínio (0,83%), com impactos de 0,04 p.p. e 0,02 p.p., respectivamente. Além disso, a energia elétrica teve alta de 0,15%, após a queda de 1,07% observada em janeiro. Vale lembrar que, desde setembro, permanece em vigor a bandeira Escassez Hídrica, que acrescenta R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos. O resultado do mês também foi influenciado pela alta da taxa de água e esgoto (0,65%) e do gás encanado (0,45%).
Entre os Artigos de residência (1,76%), grupo com a segunda maior variação no índice do mês, destacam-se as altas de eletrodomésticos e equipamentos (3,18%) e de mobiliário (2,43%), que contribuíram com 0,03 p.p. cada. Nos últimos 12 meses, os itens acumulam variações de 17,85% e 18,31%, respectivamente.
Quanto aos índices regionais, todas as áreas tiveram variação positiva em fevereiro. A maior variação ficou com o município de São Luís (1,33%), por conta dos cursos regulares (7,14%) e das carnes (3,01%). Já o menor resultado foi observado na região metropolitana de Porto Alegre (0,43%), influenciado pela queda no preço da gasolina (-4,33%).
O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980, se refere às famílias com rendimento monetário de um a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, e abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e Brasília.
Para o cálculo do índice do mês, foram comparados os preços coletados no período de 29 de janeiro a 25 de fevereiro de 2022 (referência) com os preços vigentes no período de 29 de dezembro de 2021 a 28 de janeiro de 2022 (base).
Cabe lembrar que, em virtude do quadro de emergência de saúde pública causado pela COVID-19, o IBGE suspendeu, no dia 18 de março de 2020, a coleta presencial de preços nos locais de compra. A partir dessa data, os preços passaram a ser coletados por outros meios, como pesquisas realizadas em sites de internet, por telefone ou por e-mail. A partir do início de julho de 2021, o IBGE iniciou a retomada gradual da coleta presencial de preços, conforme descrito na Portaria nº 207/2021 da Presidência do IBGE.
Fonte: Redação – Indicadores Econômicos